Neste capítulo fornecemos materiais que descrevem brevemente algumas das importantes histórias que continuam a informar e moldar práticas narrativas hoje. Você será apresentado aos co-fundadores Michael White e David Epston, bem como a outras pessoas influentes que contribuíram para o desenvolvimento de práticas narrativas. Também vamos citar algumas das principais práticas que Michael White desenvolveu ao longo da sua vida e alguns dos principais autores que ele utilizou.
Neste artigo, Cheryl White explora uma história entre os co-fundadores da prática narrativa Michael White e David Epston. Esta história apresenta um espírito de aventura, uma qualidade particular de parceria e uma forma de colaboração que influenciou o desenvolvimento da prática narrativa.
Onde tudo começou? | Cheryl White
Michael White foi um dos co-fundadores e co-diretores do Dulwich Centre, onde trabalhou desde o dia em que foi inaugurado, em 1983, até sua morte em 2008. Este extrato tem o objetivo de ajudá-lo a entender os processos em que Michael White estava envolvido através das práticas narrativas e convidamos você a considerar como alguns de seus legados podem ser significativos para você e sua prática futura.
Legados de Michael White | David Denborough
David Epston, co-fundador da terapia narrativa, é amplamente respeitado por seu trabalho inovador e criativo. Ele introduziu no campo da terapia familiar uma série de abordagens alternativas, incluindo o uso de ligas, arquivos e co-pesquisa. David vive em Auckland, Nova Zelândia, onde esta conversa aconteceu. Aqui, neste pequeno trecho, aprendemos sobre o termo “co-pesquisa, que ele criou no final dos anos 1970.
Antropologia, Arquivos, Co-pesquisa e Terapia Narrativa | Uma Entrevista com David Epston
Para o site de David Epston, você pode visitar: Narrative Approaches
Através do link a seguir, lemos sobre os pensamentos do co-fundador Michael White e sobre a gama de influências que ele desenhou no desenvolvimento das práticas narrativas.
Conforme mencionado nas leituras acima, os praticantes australianos aborígenes influenciaram significativamente o desenvolvimento de práticas narrativas. Tia Barbara Wingard descreve a prática narrativa como “Contando nossas histórias de maneiras que nos tornam mais fortes”. Ela também fala sobre maneiras de ouvir “as histórias das pessoas para colocá-las mais em contato com suas próprias formas de cura”. Você pode ler mais sobre o trabalho dela aqui:
Contando nossas histórias de maneiras que nos tornam mais fortes por Barb Wingard
“E sobre a solidariedade? Estou pensando em uma solidariedade que é construída por terapeutas que se recusam a traçar uma distinção nítida entre suas vidas e as vidas dos outros, que se recusam a marginalizar as pessoas que procuram ajuda por terapeutas que estão constantemente enfrentando o fato de que, se confrontando circunstâncias que proporcionam o contexto de problemas dos outros, eles podem não estar se saindo tão bem quanto eles ”
– Michael White
Uma das idéias importantes que informaram as práticas narrativas desde muito cedo foi esse senso de “solidariedade”. Aqui está um pequeno trecho do epílogo do livro “Continuando as conversações”, que ilustra como isso influenciou a prática de Michael White.
Continuando as Conversas | Cheryl White
Para refletir:
Quais ideias ou histórias particulares lhe intrigaram?
Por que você acha que essas coisas se destacaram para você?
O que dessas histórias você gostaria de levar com você em sua prática futura de alguma forma?
Por favor, compartilhe seus pensamentos e reflexões abaixo e depois continue no próximo capítulo! Não esqueça de dizer de que estado e país você está escrevendo. Obrigado!
Nossa! Fiquei perplexa ao ler a interação de Michael White com Sam. Pensei se seria capaz de tal desprendimento em minha prática. Isso me inspirou a pensar em maneiras mais ousadas de atuação. Despojar- de formalismos desnecessários e me valer mais da humildade.
A humildade é uma prática diária e um caminho poderoso para favorecer a conexão verdadeira de pessoa a pessoa.
Verdade Renata, tenho visto muito terapeuta se arvorar com o título de Doutor e tratar o paciente como se este não fosse ninguém.
Me identifiquei muito com o comentário… Achei maravilhosa a interação e o desenrolar da pratica.
Concordo com a colega Renata Vescovi, diria que além de humildade, ter humanidade, se de fato estamos entregues ao atendimento, podemos sentir a melhor forma de abordar determinados temas com os pacientes. É claro que sempre com muito estudo e ética profissional. Alteridade é um conceito que trago com muito cuidado na minha prática e acredito no atendimento humanizado.
David Epson chamou muito a minha atenção por conta de simples aplicações de esforço, força de vontade e trabalho em grupo. Sendo esssas as qualidades que eu gostaria de ter, mas não só isso, como também um estilo de fala ou lábia muito bem feitos para qualquer situação prática
Giovanne, sinto que esse curso despertou o seu lado mais analítico! Muito bem!
Fico profundamente tocada pela relação de escuta entre terapeuta e paciente onde é possível dar espaço para ouvir o que este tem a dizer. Espaço de compartilha e de olhar o outro de um espaço horizontal, não vertical.
Também me toca a possibilidade de olhar o passado e valorizar as raízes que nos sustentam, de encontrar espaço para chorar as perdas entre os pares, onde a partilha da dor é possível.
Rozemar, esta verticalização da terapia que você fala é uma coisa que há muito tempo me deixa triste. Ser expert na vida dos outros, que lástima.
David Epston é um exemplo para mudar o mundo. Introduziu uma terapia de aproximação para famílias. Um jeito de um grupo dentro de uma casa se resolverem e si próprios compreenderem uns aos outros.
O que pensei logo de cara é como determinação e uma parceria pode te trazer sucesso, tanto profissional como intelectual. Ambos de juntaram e afloraram a melhor parte de uma parceria que foi super bem sucedida, que mostrou o melhor lado criativo e intelectual de ambos. Houve uma conexão, troca de ideias e aceitação que gerou frutos incríveis, e assim, desenvolveram uma linha bem sucedida e que ajuda milhões de pessoas ao redor do mundo.
Também acho Mariana, foi uma amizade que gerou muita criatividade e ousaram sair dos modelos tradicionais de terapia, cada uma contribuindo com as suas referências e estudos.
Interessante o que as colegas Renata Vescovi e Daniela Muhlen falaram a respeito do conceito de humildade.
Penso na postura humilde diante da escuta no setting, diante da dor do paciente, da forma como ele consegue se expressar.
Fiquei fascinada com a perspectiva de pensar o terapeuta como co-pesquisador junto ao cliente, e da perspectiva etnográfica envolvida no processo terapêutico. Gostaria muito de estudar mais a respeito!
Também fiquei fascinado com esta ideia de David. , trazendo seus conhecimentos de etnografia para a terapia, como a imaginação etnográfica e fazendo da terapia uma etnografia particular.
Esse capítulo me remeteu a uma história dominante pessoal que fundamenta alguns momentos críticos de minha vida pois serve como plataforma para que eu resgate recursos e competências que, por ventura possam estar esquecidas.
A história dominante de minhas habilidades como bailarina, os a lotes atrelados à ela de responsabilidade, compromisso e disciplina migram para outros territórios de minha existência e podem ter implicações em minhas ações futuras. Por exemplo, se sou submetida a novos desafios, provas e exames que colocam em cheque minhas competências, minha história dominante do ballet servirá como fonte de segurança e confiança enquanto recursos para enfrentar novos desafios. Acreditar em mim mesma quando sou posta à prova foi uma habilidade adquirida no tempo em que dancei. Portanto, os significados que eu dou a esses eventos não são neutros nos efeitos que têm em minha vida – eles irão constituir e moldar minha vida futura. Todas as histórias moldam nossas vidas.
Verdade Nina, imagino quanto ser bailarina requer se determinação e esforço, uma verdadeira prova para a vida toda.
Adorei as histórias e principalmente por falarem de investigação e de aventura. A terapia narrativa dignifica as pessoas, o que pode ser visto de maneira clara na interação de Michael White e Sam. É importante acreditar nas habilidades das pessoas e lhes dar voz para falarem sobre a sua própria vida. Fiquei comovida com o texto de Barb. Achei interessante quando ela conta que começaram a falar sobre árvores. O que me remete até a Árvore da vida. Sou fascinada por essa forma da terapia narrativa de tratar o outro.
Adorei saber mais das relações entre David e Michael! Achei linda a amizade e o respeito que se criou entre ambos, o que tem muita relação com o tipo de prática que desenvolveram. É muito interessante pensar como houve a criação deliberada de uma prática convencional distante e “segura” para o profissional, que não “pode se envolver” com a pessoa que se consulta.
O curioso é pensar que David e Michael estiveram particularmente interessados em serem espontâneos e humildes com as pessoas. Com qualquer pessoa. E o senso de importância se mostra sendo um ingrediente importante para bons resultados esperados. Lindo!
Manoel Vasconcellos Gomes, Brasil, Rio de Janeiro. Todas as histórias foram muito acrescentadoras, porém a que me tocou mais foi a história de Michael com Sam, uma vez que mostra uma mudança politica na terapia. Saímos dos modelos “doutorais” para um modelo da humildade em relação à história do outro. Pesquisa no mundo acadêmico é uma coisa, terapia é outra, totalmente diferente.
Meu nome é Danielle, e sou do Rio de Janeiro, Brasil.
A história que mais me intrigou (apesar de todas possuirem seu valor e relevância), foi a do Michael com o paciente da Ala psiquiátrica.
Eu amo a área da saúde mental e sempre vejo comentários, notícias, filmes e programas que denigrem a imagem de pessoas com algum tipo de transtorno mental/psicológico. Foi incrível ver a abordagem de Michael tão simples, mas tão sensível, em que reconhecia o paciente como humano, como alguém que pode contribuir e oferecer pensamentos, questões e inovações para o assunto.
Com esta posição, ele instauro ainda mais confiança, sinceridade e troca!
Incrível!!!!
Sandra Mara de Mello
Barretos – SP
A conversa com Sam foi muito inspiradora. não se sentir superior como terapeuta, lançar mão da empatia e estar no mesmo nível do paciente e até ser ajudado por ele, foi sem dúvida um grande aprendizado.
Beatriz Coltro – Florianópolis/SC.
Gostei bastante de ler sobre as origens das práticas narrativas nesse módulo, que também fala das histórias de outras pessoas importantes nesse processo de desenvolvimento das práticas. Me chama a atenção o fato de que suas origens estão totalmente ligadas não só ao empenho intelectual de Michael White, David Epston e Cheryl White, mas também ao contexto geográfico e cultural da Austrália, conectado aos povos aborígenes e seus saberes. E que isso é honrado! É notável como os fundamentos da teoria e da prática estão presentes no seu desenvolvimento.
Neste capitulo pude retomar e repensar conhecimentos sobre a importância de honrar as historias, inclusive a das próprias praticas narrativas.
Brasil – São Paulo – São Paulo
O que mais me chama a atenção é a maneira com que Michael trabalha com as pessoas que atende, seu olhar, no sentido em que respeita o outro de igual para igual e lhe proporciona maneiras de expressar o que entende, conhece e como pode contribuir. Penso que dessa forma, podemos contribuir para uma sociedade melhor, na medida em que todos podemos fazer algo, de acordo com nossas potencialidades.
Bárbara Piazza (CRP 08/31939). Psicóloga, escritora e artista independente.
Falo de Curitiba, sul do Brasil.
Acredito que o momento em que Michael White revelou para Sam um problema que ele (White) estava vivenciando e que, de alguma maneira,
se conectava com a conversação terapêutica sobre os problemas vivenciados por Sam, me chamou muito a atenção.
Vejo aí um verdadeiro desprendimento da necessidade de separação e assepsia entre as subjetividades que interagem no processo terapêutico.
Vejo, então, mais que solidária, uma prática horizontal.
Semana passada eu me envolvi em uma aventura impulsiva cujo espaço para reflexão foi ínfimo. Fiz a minha primeira tatuagem.
Uma figura em um determinado lugar que, tão à mostra, pode gerar polêmica, inclusive pelo fato de eu ser psicóloga.
Foi uma tatuagem entre irmãos, mas que pode me gerar barreiras profissionais. Olhares de julgamento. Portas se fechando.
Poucos dias depois, estava atendendo uma de minhas clientes, que possui várias tatuagens e piercings, e que é mais nova que eu.
Ela estava comentando sobre sua família e se queixando da intromissão e falta de respeito que sentia haver entre os membros, e destacou alguns exemplos, dentre eles, o fato de sua mãe insistir que ela “irá se arrepender” das tatuagens que fez.
No entanto, ela parecia estar bastante segura e tranquila quanto às suas decisões. O que a irritava era apenas a necessidade que sua mãe ainda sentia em opinar e querer decidir os caminhos de um corpo que não era o seu.
Percebi em sua segurança uma virtude, e um ponto forte a ser reforçado. Decidi então contar sobre a situação que eu estava vivendo e que de certa maneira estava em conflitos sobre a minha tatuagem. Lhe mostrei e falei um pouco sobre arrependimento.
Ela olhou o desenho, disse que não estava ruim e ainda fez uma fala bem-humorada: “se alguém perguntar, diga que você gosta de xxx”, propondo uma significação mais leve em relação àquele desenho.
Por um lado me senti aliviada de ter a sua aceitação, por outro me senti equivocada de expor um problema meu que se relacionava com um relato dela, pois parecia que eu estava, de alguma maneira, “saindo do meu papel de psicóloga” e “me misturando demais com a minha cliente”, numa espécie de co-dependência.
Depois eu pensei melhor e percebi que aquilo pode ter sido apenas uma demonstração espontânea de minha humanidade, bem como uma oportunidade para ampliarmos nossa relação empática e de confiança.
E, mais do que isso, percebi que minha atitude oportunizou a ela se apropriar ainda mais de sua segurança quanto à escolha de fazer tatuagem, uma vez que ela, além de transmití-la, me encorajou a desenvolver a minha.
Compartilho uma experiência que não está diretamente relacionada com a prática em psicologia. Cresci rodeada de mulheres e pessoas idosas. Gostava bastante de passar o tempo perto [email protected] e com [email protected]. Acho que foi assim que comecei a gostar de ouvir histórias e que aprendi que um mesmo evento tem muitas versões possíveis, dependendo de quem conta, quando conta, quantas vezes conta e para quem conta. Passada essa introdução muito ligeira – e que agora parece desnecessária, mas vai ficar aqui – há uns 15 anos comecei a me aventurar pelo mundo do audiovisual e o segundo documentário que pesquisei e co-roteirizei pretendia discutir planejamento urbano a partir dos deslocamentos de mulheres no movimento periferia-centro. Depois de toda a pesquisa feita, entendi que do meu lugar no mundo eu não poderia contar essa história sozinha. Procurei a colaboração de mulheres periféricas e de mulheres negras para que elas pudessem enriquecer a narrativa, contribuindo para que o filme, além de mostrar as lutas diárias sem subtrair a potencia dessas mulheres, pudesse convidar a conhecer uma diversidade (não esgotada e não esgotável) de modos de existir, criar possibilidades, se organizar e promover mudanças.
Acho que o que conversa com essas histórias trazidas aqui nesse módulo é justamente essa perspectiva de que o outro também detém conhecimentos que merecem ser honrados. Que esses conhecimentos pessoais e intransferíveis, únicos a cada pessoa, quando se encontram com outros conhecimentos, que podem ser parecidos, mas nunca serão iguais, são potência criadora e de transformação possível.
Lembrei de mais um monte de história bacana. Uma das que mais gosto foi uma experiência super pretérita com frequentadores de um centro de atenção psicossocial. Era uma região bastante violenta e com alto índice de analfabetismo. Estávamos experimentando uma parceria com uma escola local, que nos cederia um espaço para a realização de uma atividade. A contra partida era que os frequentadores do CAPS participantes daquela atividade, que era uma atividade de criação, orientassem os alunos da escola a desenvolver os produtos resultantes da atividade em questão. O retorno de todos foi muito positivo. Destaco uma avaliação geral dos alunos, no sentido de desconstrução da imagem negativa que tinham das pessoas que faziam uso do CAPS. Isso, para mim, naquela época, foi bastante grandioso. Mas o que mais me emocionou foi o relato especial de uma frequentadora do CAPS, uma mulher bastante sofrida por sobreposições de violências, nem todas ligadas à sua condição psiquiátrica. Para ela, era uma alegria descobrir em si a competência de “ensinar menino de escola que sabe ler”.
Tem muita coisa ai, né? Mas pego o gancho da mudança na balança de poder.
Este módulo me fez pensar nas histórias dominantes da minha vida e nas relações e contextos onde cada uma foi gerada.
Este módulo como um todo foi riquíssimo e, a interação entre Michael e Sam foi o ápice dos aprendizados, demonstrando a postura que devemos sempre ter diante da vida, diante daqueles que nos procuram em busca de ajuda. Durante a faculdade de Psicologia, aprendi que eu devo ter respostas para aqueles que me procuram, que sou o detentor do conhecimento e isso sempre me trouxe angústia, pois há pacientes que são desafiadores. Com as práticas narrativas, estou aprendendo não apenas uma nova maneira de interagir com quem procurar meu auxílio, mas uma nova maneira de viver minha própria relação diante da vida. Não sou detentor de nenhum grande conhecimento, todos têm sempre o que ensinar e o que aprender e é isso que me encanta.
Nesse módulo, só reforcei minha crença que a terapia Narrativa dá um espaço para ação do cliente como nenhuma outra. A escuta atenciosa, a hierarquia desprezada do terapeuta enquanto um especialista e a valorização da história do cliente são aspectos que pensei que não fosse encontrar no campo da psicologia. Entre todas as importantes leituras desse módulo que destacar e até mesmo homenagear a valorização do povo aborígene. “Os praticantes australianos aborígenes influenciaram significativamente o desenvolvimento de práticas narrativas. Tia Barbara Wingard descreve a prática narrativa como: Contando nossas histórias de maneiras que nos tornam mais fortes”. Ela também fala sobre maneiras de ouvir “as histórias das pessoas para colocá-las mais em contato com suas próprias formas de cura”. Um lindo e nobre trabalho que me encanta pelo respeito e valorização da ancestralidade da Austrália. Desnecessário dizer do quanto poderíamos ter aprendido com ele.
O que mais me chamou a atenção nas histórias foi o diálogo de Michael e Sam, e o quanto Michael compreendeu que as relações com o outro se entrelaçam, nos afetam e fazem parte da nossa história comum e pessoal de forma profunda.
Uberaba, Minas Gerais. É muito interessante como as práticas narrativas reforçam a importância dos recursos conversacionais do terapeuta e, de modo geral, como a neutralidade e imparcialidade, ainda tão ensinados na graduação, são contraproducentes. Afinal, como desenvolver conversas terapêuticas e estabelecer uma aliança se uma das partes – o terapeuta – precisa se manter distante e silencioso? Este capítulo foi particularmente interessante para mim pois foi possível conhecer mais sobre quem foram White e Epston e, consequentemente, a epistemologia das práticas narrativas.
Foi muito interessante conhecer mais sobre os fundadores da terapia narrativa e sobre como eles a desenvolveram. O modulo também me fez pensar sobre o poder dessa teoria em lutar contra a cultura que coloca o terapeuta em um lugar de saber e de poder sob as pessoas que atende. E passa a dar voz para que essas pessoas contem suas próprias histórias, valorizando seus conhecimentos e habilidades, as reconhecendo como especialistas sobre seus próprios problemas e vidas, as atribuindo o poder de modifica-las.
Sem duvida essa mudança de posição, e um olhar mais investigativo que coloca o terapeuta em posição de copesquisador, que apenas colabora com a pessoa na busca que ela faz em pesquisar maneiras de mudar o seu relacionamento com o problema, é algo que vou levar para a minha pratica clínica.
O módulo me faz refletir sobre como nossas histórias influenciam nossa maneira de pensar a prática terapêutica, incluindo a forma como nos relacionamos com os companheiros de trabalho e abrindo possibilidades para que cada encontro tenha muito a contribuir.
Achei muito interessante os documentos e as leituras desse módulo. Me destaca a história de Michael White enquanto trabalhava no hospital psiquiátrico, pois já tive essa experiência em um estágio durante a graduação, e o modo que “quebrar uma regra” de um código implícito pode construir um fortalecimento da relação terapeutica. Também gostei muito dos conceitos abordados, como o “informado não saber”, a postura de curiosidade para com a história do outro, em vez de encaixar em moldes categorizados como tradicionalmente a psicologia fez e faz, a valorização do conhecimento e da história da pessoa que é atendida é muito mais preciosa. O texto “Contando nossas histórias de maneiras que nos tornam mais fortes por Barb Wingard” também foi muito potente para pensar os efeitos da colonização, me lembraram a coletânea “Re-existir na diferença”, de Merhy e Moebus.